A aprovação da PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados não é apenas uma manobra política discutível, mas uma afronta à transparência e à responsabilidade que se espera de nossos parlamentares. Com um consórcio que reúne partidos do Centrão, oposição e até mesmo da esquerda, essa proposta que visa dificultar a abertura de ações penais contra os deputados merece uma análise mais crítica. É um verdadeiro escândalo que, em meio a tantas demandas sociais e políticas urgentes, esses parlamentares decidam proteger a si mesmos, como se estivessem acima da lei.

Fica claro que essa aprovação, respaldada por uma maioria que parece mais preocupada em garantir sua própria impunidade do que em servir aos interesses do povo, reflete uma falta de compromisso ético. Precisamos lembrar que a função dos deputados é defender os cidadãos e não se escudar em privilégios que só beneficiam a eles mesmos.

Agora, a expectativa se volta para o Senado, onde a resistência a essa proposta se mostra significativa. Com 46 dos 81 senadores já declarando oposição à medida, é possível que a PEC enfrente um verdadeiro fiasco nesta casa. A análise na Comissão de Constituição e Justiça, onde 17 dos 27 integrantes já se manifestaram contra, indica que a blindagem pode não ter vida longa.

Se o Senado cumprir seu papel de salvaguarda da democracia e da integridade política, será um alívio para todos aqueles que ainda acreditam na possibilidade de um Legislativo responsável e comprometido com a justiça. A população deve se manter vigilante e exigir dos seus representantes a postura que a sociedade merece: um comportamento ético que priorize a justiça e a responsabilidade sobre qualquer tipo de proteção pessoal. Vamos torcer para que o Senado derrube esta PEC e mostre que a impunidade não é uma opção nesta democracia.